FUNAI confirma pagamento de indenizações a ocupantes em território Xucuru-Kariri
Palmeira dos Índios vive um momento histórico no processo de demarcação do território indígena Xucuru-Kariri. Após anos de impasses e disputas, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) anunciou oficialmente a criação da Comissão de Pagamento e da Comissão de Boa-Fé, que irão conduzir o processo de indenização dos ocupantes de terras situadas na área já demarcada. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União do último dia 18 de setembro.
O que muda com a publicação
Com o reconhecimento formal, os ocupantes — agricultores, pequenos proprietários e famílias que há décadas habitam a região — poderão aderir ao processo de indenização mediante avaliação individualizada. A expectativa é que quase 200 ocupantes sejam contemplados nesta primeira fase, marcada pela instalação da comissão em Brasília e a confirmação de recursos.Segundo a FUNAI, o pagamento seguirá critérios técnicos e legais, e priorizará acordos voluntários. O objetivo é pacificar a questão fundiária, evitando conflitos e garantindo a desocupação da área em benefício das comunidades indígenas Xucuru-Kariri.
As vozes em disputa
Nos últimos dias, o tema ganhou novos capítulos. A liderança indígena Tanawi Xucuti Kariri divulgou vídeos nas redes sociais reforçando a seriedade do processo e explicando que a indenização será feita por etapas, a começar em dezembro deste ano. Já o advogado Adeilson Bezerra, que atua em defesa de alguns ocupantes, classificou o anúncio como um “boato” e questionou a efetividade das medidas da FUNAI.
Em contraponto, o coordenador regional da FUNAI confirmou, em Brasília, o andamento dos trâmites e destacou que o processo é oficial, amparado por ato publicado no Diário Oficial da União, afastando qualquer possibilidade de “fake news”.
Impacto regional
A indenização representa um marco para Palmeira dos Índios. Além de atender a um passivo histórico da luta indígena, poderá abrir espaço para políticas de desenvolvimento sustentável e valorização cultural dos povos originários. Ao mesmo tempo, desafia as autoridades a equilibrar os interesses de famílias tradicionais da região que agora terão de deixar as terras mediante compensação financeira.
Especialistas em direito agrário avaliam que a experiência pode se tornar referência para outros processos semelhantes no Brasil, desde que conduzida com transparência e segurança jurídica.
O próximo passo
Com a comissão instalada, caberá à FUNAI organizar a lista de beneficiários, realizar as avaliações técnicas e iniciar os primeiros pagamentos. A previsão é que a primeira etapa seja concluída ainda este ano, com nova rodada de indenizações no primeiro semestre de 2026.