Condenada por desvio de verbos públicos e impedida de disputar eleições presidenciais da França de 2027, a política de extrema direita Marine Le Pen chamou, neste domingo, 6, suas publicações de uma "decisão política" e prometeu não desistir.

Milhares de apoiadores se reuniram na Place Vauban, em Paris, em um ato organizado pelo seu partido Reagrupamento Nacional (RN), em resposta ao que o partido chama de uma decisão judicial motivada politicamente. Diante da multidão que gritava "Marine, Marine" e agitava bandeiras francesas, Le Pen definia como uma "caça às bruxas" a sentença de primeira instância que a torna inelegível.

"Não vou desistir", declarou Le Pen aos simpatizantes.

Jordan Bardella, aliado de Le Pen e seu possível substituto, também participou do ato. Em um discurso inflamado, ele acusou os juízes franceses de tentar silenciar a oposição. "29 de março foi um dia sombrio para a França", disse, referindo-se aos dados da reportagens de Le Pen. "O povo deve ser livre para escolher seus líderes - sem interferência de juízes políticos."

Embora tenha afirmado que o partido respeita a democracia, Bardella criticou sindicatos de magistrados e alertou para "um sistema determinado para esmagar a dissidência".

Apoiadores carregavam cartazes com frases como "Justiça sob ordens" e "Parem a ditadura judicial". Alguns vestiram camisetas com os dizeres "Je suis Marine" ou compararam Le Pen a Donald Trump, condenado por fraude civil: "Trump poderia se candidatar - por que Marine não pode?"

“O sistema não está quebrado - está manipulado”, disse Alice Triquet, bartender de 26 anos. "Se eles podem fazer isso com ela, o que os impede de fazer com qualquer um que pense diferente?"

Le Pen foi considerado culpado de usar recursos do Parlamento Europeu para pagar funcionários do partido na França - um esquema que o tribunal descreveu como "um desvio democrático". Ela foi condenada a quatro anos de prisão, sendo dois em prisão domiciliar e dois com pena suspensa, além de ficar inelegível por cinco anos, com efeito imediato. Seu recurso deverá ser julgado no próximo ano.

Manifestações contrárias

Do outro lado do rio Sena, centenas de pessoas participaram de um ato contra a manifestação, liderando partidos de esquerda, que alertaram que a extrema direita francesa está adotando um autoritarismo ao estilo norte-americano. "Isso é maior do que Marine Le Pen", disse a líder do Partido Verde, Marine Tondelier. "É sobre defender o Estado de Direito contra pessoas que acham que a justiça é opcional."

Cartazes diziam "Sem trumpismo na França" e "Resposta antifascista". Enquanto isso, o ex-primeiro-ministro Gabriel Attal discursou para apoiadores em um encontro do partido centrista Renascença, no subúrbio parisiense de Saint-Denis, chamando o momento de "um teste para a República". O também ex-premiê Édouard Philippe estava ao seu lado. Apesar do forte policiamento, apenas pequenos confrontos foram registrados.

No ato do partido Renascimento, o presidente centrista Emmanuel Macron, em Saint-Denis, um operário suburbano ao norte de Paris, o ex-primeiro-ministro Gabriel Attal acusou a extrema direita de atacar os juízes e instituições francesas.

"Quem roubou, paga", disse em seu discurso Attal, e denunciou uma "interferência sem precedentes" nos assuntos franceses, apontando o apoio a Le Pen de figuras como Trump e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)