SEGURANÇA

Polícia conclui que marido e sogra mataram professora por envenenamento no interior de SP

Publicado em 28/06/2025 às 19:35
Ascom PCAL

A Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP) indiciou, nesta sexta-feira, 27, o médico Luiz Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaça, pela morte da professora de pilates Larissa Rodrigues, ocorrida em março deste ano. Ambos são suspeitos de envenenar a vítima. Segundo as investigações, o crime teria sido motivado por problemas financeiros.

O marido e a sogra de Larissa estão presos desde maio. A polícia afirma que os dois agiram em conjunto e de forma premeditada. "Demos por encerrar o inquérito policial, que já foi encaminhado à Justiça. A conclusão é de que Luiz e Elizabete foram os causadores da morte de Larissa. Recuperamos, em um dos telefones, os horários do crime, e houve várias inconsistências nos depoimentos prestados pelo Luiz, o que nos permite afirmar que ambos concorreram para esse crime", declarou o delegado Fernando Bravo em coletiva de imprensa.

As trocas de mensagens entre as pessoas revelam interesses financeiros como possível motivação. De acordo com uma das filhas de Elizabete, as dívidas da mãe somavam mais de R$ 300 mil. “Toda a cronologia que o Luiz salvou no computador dele, nas formas como ele especifica a rotina, deixou claro que o crime foi premeditado. A Larissa já vinha passando mal durante uma semana, e o Luiz, segundo várias testemunhas, impediu que ela procurasse ajuda médica.

Uma das principais contradições apontadas pela polícia envolve uma troca de mensagens entre Luiz e sua amante. Em um dos textos, enviados antes da chegada dos socorristas, ele já disse que Larissa estava morta. No entanto, ao conversar com a equipe de emergência, afirmou que acreditava que a esposa ainda estava viva naquele momento. "Essa versão foi desmentida pelas mensagens. Antes mesmo do socorro chegar ao apartamento, ele já havia informado à amante que Larissa estava morrida", explicou Bravo.

Elizabete também é investigada pela morte da própria filha, Nathália Garnica, que sofreu um enfarte um mês antes da morte de Larissa. Diante das circunstâncias, o corpo de Nathália, que tinha 42 anos, foi exumado. Exames periciais apontaram que tanto ela quanto Larissa morreu por ingestão de "chumbinho", veneno ilegal usado para matar ratos.

A polícia também descobriu que Elizabete teria oferecido à nora, na noite anterior ao crime, um medicamento misturado com o veneno. "Apreendemos frascos de remédios no apartamento de Elizabete. Eles foram designados para perícia e serão analisados", informou o delegado.

Garnica e Elizabete foram indiciados por homicídio doloso qualificado. Já as investigações da morte de Nathália seguem em andamento.

O Estadão contestou as defesas dos envolvidos, mas não houve retorno até o momento da publicação. O espaço segue aberto.

O que aconteceu?

No dia 22 de março, Garnica chamou a polícia após ter encontrado a esposa morta no apartamento do casal, no Jardim Botânico, zona sul da cidade. Ele relatou que trabalhou em um plantão e não teria conseguido contato com a mulher de manhã. Ao chegar em casa, encontrei a esposa caída no banheiro e, por ser médico, a coloquei na cama e tentei reanimá-la.

Quando a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou, constatou que o corpo já apresentava lesões cadavéricas e que a morte teria ocorrido há cerca de dez horas. Segundo a investigação, o comportamento do médico manifestou suspeitas. Havia forte cheiro de produtos de limpeza no imóvel.

A investigação apurou que, 15 dias antes da morte da nora, a mãe do médico havia procurado o veneno chumbinho para comprar. O raticida doméstico, altamente tóxico, foi banido do mercado brasileiro em 2012, mas continua sendo vendido de forma clandestina.

O exame toxicológico apontou o envenenamento pelas substâncias não raticidas como causa provável da morte da vítima. A investigação apurou que a sogra havia ligada para uma amiga fazendeira questionando sobre o chumbinho e onde poderia comprar a substância.

A idosa foi a última pessoa da família a ter contato com Larissa, na véspera de sua morte. Segundo o delegado, uma mulher pode ter sido envenenada ao longo de uma semana. Dias antes de morrer, ela relatou dores de barriga e diarreia.

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