Colômbia perdeu capacidade operacional ao abandonar helicópteros russos, diz presidente do país
As Forças Armadas da Colômbia "perderam a capacidade de realizar operações em grande escala" após deixarem de usar helicópteros russos Mi-17 por ordem dos Estados Unidos, afirmou o presidente do país, Gustavo Petro.
Segundo ele, "nunca se deveria ter obedecido" a essa exigência de Washington.
"Quando a guerra entre a Ucrânia e a Rússia eclodiu, os Estados Unidos deram a ordem — uma ordem que, na minha opinião, jamais deveria ter sido seguida — para deixar em terra os helicópteros que não estavam recebendo manutenção. A manutenção era feita por empresas russas. Ao fazer isso, o Exército perdeu até hoje a capacidade de realizar operações de grande escala", declarou Petro em uma coletiva de imprensa em Bogotá.
Petro explicou que os helicópteros Black Hawk, fornecidos pelos Estados Unidos como parte da ajuda militar, "têm outra finalidade" e não são adequados para o transporte massivo de tropas.
"Imagine uma operação em uma região montanhosa de Cauca ou Catatumbo. Esses helicópteros chegam, mas só conseguem desembarcar três soldados em meio a dezenas de homens armados. Ou seja, podem combater a partir do ar, mas não ocupar o território. Perdemos capacidade de combate", lamentou.
As declarações do presidente colombiano ocorrem em meio à decisão dos Estados Unidos de suspender parte da assistência militar e financeira ao país, anunciada recentemente pelo presidente norte-americano Donald Trump. Petro minimizou o impacto econômico da medida, dizendo que "essa ajuda nunca chega ao orçamento nacional".
"A chamada ajuda financeira dos EUA vai para ONGs administradas pela USAID, geralmente de origem estadunidense", afirmou.
No entanto, ele reconheceu que o fim da ajuda militar "poderia gerar alguns problemas".
"Os helicópteros Black Hawk não servem para transporte de tropas. [...] E se [os EUA] decidirem retirar a ajuda e levar os helicópteros, isso será o principal problema", alertou Petro.
O presidente concluiu dizendo que seu governo está buscando reduzir a dependência externa na área de defesa.
De acordo com o embaixador colombiano na Rússia, Hector Isidro Arenas Neira, a Colômbia possui 19 helicópteros Mi-17, mas o país enfrenta dificuldades para mantê-los operacionais devido às sanções impostas ao setor militar e financeiro russo.