SAÚDE

Outubro Rosa: a importância do exame para a população trans

A ampliação do cuidado para a população LGBTQIAPN+ reafirma o compromisso com a equidade e a justiça social

Por Assessoria Publicado em 24/10/2025 às 14:33

A Constituição Federal garante a saúde como direito de todos, determinando a oferta integral dos serviços conforme a Lei Orgânica da Saúde do SUS. Durante o Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama, é essencial incluir e acompanhar a população transexual. A ampliação do cuidado para a população LGBTQIAPN+ reafirma o compromisso com a equidade e a justiça social.


De acordo com o estudo ‘Assistência prestada na consulta de enfermagem gineco-obstétrica aos homens transexuais na Atenção Primária à Saúde’, realizado em 2023 em uma unidade de saúde de Maceió voltada ao atendimento dessa parcela da população, homens trans ainda enfrentam barreiras significativas no acesso ao cuidado gineco-obstétrico. O levantamento reforça a urgência de campanhas que reconheçam esse público como sujeitos de cuidado e garantam um atendimento inclusivo e humanizado.


Para Vívian Barbosa, docente do curso de Enfermagem da UNINASSAU Maceió, as campanhas de saúde precisam incluir corpos fora da norma cisgênero. “A falta de representatividade ainda é evidente e contribui para o apagamento das demandas dessa população. Dar visibilidade em ações públicas estimula o autocuidado e fortalece o acesso a serviços de saúde mais acolhedores e igualitários”, disse.


A idade e a frequência de mamografia ou ultrassom para pessoas trans devem considerar hormônios, cirurgias e histórico familiar. Segundo o Colégio Americano de Radiologia (ACR), mulheres trans com 40 anos e uso de estrogênio por cinco anos ou mais devem realizar mamografia anualmente. Para homens trans, o ACR não recomenda exames em quem realizou mastectomia. Nos casos sem cirurgia, a indicação depende de fatores genéticos e hereditários, indivíduos com alto risco devem iniciar os exames aos 25 anos, e os de risco médio, aos 40 anos.


Diferentemente do ACR, outros estudos e organizações defendem a realização de exames em homens trans mesmo após a mastectomia. “A cirurgia reduz, mas não elimina o risco, sendo recomendado exame clínico anual em unidade de saúde. O autoexame também é indicado para conhecer o próprio corpo, apesar de não diagnosticar a doença. Para pessoas trans, identificar a estrutura natural das mamas pode ser desafiador, exigindo atenção e respeito”, destacou Vívian Barbosa.


O público trans enfrenta barreiras nos serviços de saúde, como uso incorreto de pronomes, desrespeito ao nome social e falta de preparo dos profissionais. A ausência de diretrizes clínicas e campanhas voltadas exclusivamente a corpos cis agrava a exclusão. “Isso causa mal-estar, frustração e, em alguns casos, violência verbal, afastando quem precisa dos serviços de saúde. Profissionais podem tornar o atendimento mais inclusivo e humanizado com medidas simples, como capacitação para lidar com identidades trans com respeito e empatia, fazendo toda a diferença”, finalizou a professora do curso de Enfermagem da UNINASSAU Maceió.