CRISE FINANCEIRA

Governo admite risco de aporte emergencial nos Correios no Orçamento de 2026

Documento enviado ao Congresso aponta chance “possível” de injeção de recursos para conter crise financeira da estatal, que acumula prejuízo bilionário

Publicado em 15/10/2025 às 20:52
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu, no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, a possibilidade de realizar um aporte emergencial nos Correios para tentar conter a grave crise financeira enfrentada pela estatal.

Em um documento complementar enviado ao Congresso em 18 de setembro, o Executivo classificou o risco de necessidade de aporte como “possível”, ou seja, não iminente, mas considerável — em uma escala que vai de remoto (baixo) a provável (alto). O texto também indica que a situação pode se repetir nos próximos quatro anos, até 2029.

Segundo o governo, um eventual aporte seria feito via Tesouro Nacional, com o objetivo de sanear o caixa e garantir a continuidade das operações da empresa, que enfrenta sucessivos prejuízos.

Crise financeira e plano de reestruturação

Na quarta-feira (15), os Correios anunciaram um plano de reestruturação dividido em três eixos principais:

  1. Redução de despesas operacionais e administrativas;
  2. Diversificação das fontes de receita, com foco na recuperação da capacidade de geração de caixa;
  3. Restauração da liquidez e competitividade da estatal, assegurando estabilidade nas relações com funcionários, fornecedores e clientes.

A companhia acumula déficit de R$ 4,3 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025, após registrar prejuízos consecutivos nos trimestres anteriores. No segundo trimestre, o rombo foi de R$ 2,64 bilhões, enquanto no primeiro chegou a R$ 1,72 bilhão.

Contexto e medidas

O reconhecimento de risco de aporte ocorre em meio a negociações entre o governo e bancos públicos e privados para um possível empréstimo de cerca de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional, a fim de assegurar o funcionamento da estatal até 2026.

O presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, afirmou que a empresa pretende também vender imóveis ociosos e renegociar contratos para reduzir custos. O programa de demissão voluntária (PDV) e a modernização de serviços digitais também fazem parte da estratégia de ajuste.

Com o alerta no Orçamento e o plano de reestruturação em curso, o governo tenta evitar que a crise nos Correios se transforme em um passivo fiscal bilionário para a União nos próximos anos.