POLÍTICA E JUSTIÇA

Girão critica relatoria de Moraes na ADPF das Favelas e atuação do STF no Rio

Senador do Novo questiona redistribuição de processo no Supremo e acusa ministro Alexandre de Moraes de agir como político na crise de segurança do Rio de Janeiro

Publicado em 05/11/2025 às 13:44
Waldemir Barreto/Agência Senado Fonte: Agência Senado

Em pronunciamento no Plenário, na terça-feira (4), o senador Eduardo Girão (Novo–CE) criticou a redistribuição da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Citando opinião do advogado e professor de direito André Marsiglia, o senador afirmou que a decisão fere o regimento interno do STF e compromete o princípio do juiz natural.

Girão lembrou que a ADPF 635 é resultado de uma ação movida pelo PSB, no STF, a partir de 2019, questionando a forma como o Estado do Rio de Janeiro conduzia operações policiais em comunidades carentes, localizadas nos morros. Até a recente aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, ele era o relator do processo.

Segundo o senador, o processo deveria ser redistribuído ao ministro mais antigo do Supremo, Gilmar Mendes, em respeito ao regimento interno e ao princípio do juiz natural, "que impede a escolha arbitrária do julgador, assegurando com isso a imparcialidade do julgamento". No entanto, o presidente do STF, Edson Fachin, decidiu entregar provisoriamente a relatoria a Alexandre de Moraes.

— O ministro Moraes fez questão de ir ao Rio de Janeiro, atuando como um verdadeiro político. Ministro do STF não deve investigar nem fiscalizar. Isso é atribuição das polícias e do Ministério Público. Ministro apenas julga — afirmou Girão.

O senador também questionou a forma como foi instalada, nesta semana, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado no Senado. Ele defendeu que o colegiado deveria atuar de maneira técnica e independente, mas, segundo Girão, acabou sendo dominado pela base governista. O senador destacou que o Partido dos Trabalhadores (PT) assumiu a presidência da CPI, mesmo sem ter assinado o requerimento de criação.

— Achava que ia ter um equilíbrio mínimo. Tipo assim, é um instrumento da Minoria. Que fosse a presidência para a oposição e a relatoria para o governo, ou vice-versa, para dar um equilíbrio, porque essa CPI tem que ser técnica. Ela não tem nada de política, não deveria ter — disse.