CPMI não pode se transformar em 'circo eleitoral', afirma Carlos Viana
Presidente da comissão reforça compromisso com a verdade e critica uso político dos trabalhos durante depoimento de Onyx Lorenzoni
O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou nesta quinta-feira (6) que a comissão não deve ser utilizada como palco para discussões políticas ou como palanque eleitoral. A declaração foi feita após o depoimento do ex-ministro da Previdência, Onyx Lorenzoni.
O depoimento gerou divisão entre parlamentares da base do governo e da oposição, que trocaram acusações sobre fraudes ocorridas tanto nos governos do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Onyx foi ministro, quanto no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— Esta presidência não vai permitir que a dor do povo brasileiro seja usada como espetáculo. Não há espaço para deboche, para a provocação, para desrespeito. Aqui o espaço é só para uma coisa: a verdade. Quem tentar transformar esta CPMI num circo eleitoral vai se deparar com o silêncio firme desta presidência e o julgamento do povo nas praças, ruas e nas reuniões familiares, em torno das mesas de domingo, porque o Brasil já tem palanques demais — declarou o senador ao final da reunião.
Carlos Viana destacou que a prioridade da comissão é ouvir os operadores das fraudes, pessoas com movimentações suspeitas apontadas em relatórios e quebras de sigilo. Para ele, esse tipo de depoimento contribui mais para os objetivos da CPMI do que depoimentos de caráter político.
Sem respostas
O vice-presidente da comissão, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), avaliou que o ex-ministro Onyx Lorenzoni não apresentou respostas satisfatórias para muitos dos questionamentos feitos. Ele citou, como exemplo, a falta de esclarecimentos sobre o filho do ex-ministro, o advogado Pietro Lorenzoni, que atuava para uma das entidades investigadas pelas fraudes.
— O que não se pode negar é que, nessa organização criminosa, nesse escândalo de corrupção do INSS, foram utilizados filhos para desviar dinheiro dos aposentados, foram utilizadas esposas para desviar dinheiro dos aposentados. E o fato de ser filho, esposa, idoso ou pessoa com deficiência não torna ninguém imune a práticas criminosas. [...] Infelizmente, há pessoas se aproveitando dos laços de família e da influência política partidária para cometer crimes — apontou o deputado.
Duarte Jr., que relatou ter recebido ameaças em razão do trabalho na CPMI, teve o pedido de proteção policial para si e para sua família deferido pela presidência da comissão.
Balanço
Carlos Viana também apresentou um balanço das atividades da CPMI, destacando as 160 horas de trabalho em 23 reuniões, algumas das quais chegaram a ser acompanhadas por até 800 mil pessoas ao longo do dia pelo canal da TV Senado.
No total, a comissão recebeu 2.421 requerimentos, realizou 24 depoimentos, expediu 648 ofícios e recebeu 2.055 documentos, totalizando cerca de 200 gigabytes de informações. Além disso, ocorreram três prisões em flagrante durante depoimentos e foram encaminhados mais 21 pedidos de prisão às autoridades competentes.
— Cada número representa horas do nosso trabalho, noites sem sono e uma só missão: chegar à verdade. Foram oitivas, cruzamento de dados, análise de relatórios da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, depoimentos extensos, confrontos duros, mas também avanços concretos — concluiu o senador.