CENÁRIO POLÍTICO E ECONÔMICO

SPX Capital alerta para risco fiscal e aposta em fim do ciclo Lula x Bolsonaro

Rogério Xavier, fundador da gestora, afirma que Brasil pode superar polarização política em 2026, mas alerta para deterioração fiscal caso políticas não mudem

Publicado em 08/11/2025 às 14:34
Reprodução

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado (8) para a situação fiscal considerada explosiva do Brasil. Com o juro real próximo de 11% e o atual patamar de endividamento, o país corre risco de ruptura econômica caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja reeleito e mantenha as políticas atuais. Por outro lado, Xavier acredita que a eleição de um candidato de centro-direita pode encerrar o ciclo de polarização entre Lula e Jair Bolsonaro, inaugurando uma nova fase política no pós-ditadura.

“O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom”, afirmou Xavier durante painel na conferência MBA Brasil 2025, realizada em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo o gestor, Lula e Bolsonaro simbolizam um período de antagonismo político, o chamado “nós contra eles”, que se instalou no Brasil desde o fim do regime militar. “Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem”, declarou, sem citar nomes de possíveis candidatos. Para Xavier, qualquer nome da direita pode ser o representante do centro-direita nas eleições de 2026, mas ainda não é o momento de se lançar: “Vai apanhar”, avaliou.

Ele prevê uma eleição “super acirrada”, em que não será possível prever o vencedor nem 24 horas antes do pleito. Nesse cenário, a situação fiscal pode se agravar ainda mais, com o governo petista elevando gastos para tentar garantir a vitória. “O Brasil está em risco”, resumiu Xavier.

“Estamos criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país com dívida desse tamanho, a gente quebra”, alertou. “Estamos nos aproximando muito do encontro com a dívida”, acrescentou. Uma piora fiscal pode levar credores a questionarem a disposição do país em honrar seus compromissos. “Dívida é capacidade e vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já existe certa dúvida sobre a vontade de pagar”, ressaltou.

Em conversa com estudantes brasileiros de MBA no exterior, Xavier analisou o histórico dos partidos políticos nacionais e reforçou a necessidade de uma proposta inovadora. Para ele, o PT “morreu”, assim como o PSDB perdeu relevância. Entretanto, o Partido dos Trabalhadores ainda conta com Lula, que, segundo Xavier, representa “muita coisa”, mas demonstra um “egoísmo brutal” ao insistir em permanecer na presidência, impedindo a renovação.

“A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão”, criticou Xavier. “O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir”, completou.

Para o gestor, é fundamental encerrar o ciclo pós-ditadura para que o Brasil possa olhar para o futuro. Embora o Produto Interno Bruto (PIB) tenha apresentado crescimento acima do esperado nos últimos anos, Xavier avalia que, em comparação com outros países emergentes, o Brasil ficou para trás. “O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade”, concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil