JUSTIÇA

Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, lança campanha para custear defesa nos EUA

Ex-assessor de Assuntos Internacionais, réu no STF, busca apoio financeiro para pagar advogados americanos e enfrentar acusações ligadas à tentativa de golpe

Publicado em 10/11/2025 às 21:52
Reprodução / Agência Senado

O ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, lançou uma campanha virtual para arrecadar recursos destinados ao custeio de advogados nos Estados Unidos. Apontado como integrante do chamado "núcleo 2" da trama golpista, Martins busca apoio financeiro para sua defesa, conforme anunciado no último domingo, 9, em publicação no X (antigo Twitter) feita pelo advogado Jeffrey Chiquini.

De acordo com Chiquini, a vaquinha foi organizada por um grupo de apoiadores e amigos de Filipe Martins, com o objetivo de cobrir honorários de advogados criminalistas nos EUA. A iniciativa também visa auxiliar nas despesas decorrentes das restrições impostas ao ex-assessor, que, segundo o advogado, já perduram "há quase três anos".

O advogado ressaltou que todo o valor arrecadado será destinado exclusivamente ao ex-assessor de Bolsonaro e incentivou o engajamento dos apoiadores. Chiquini afirmou ainda que a meta é "levar todos os responsáveis pela fraude no sistema migratório americano à Justiça dos EUA" e pediu que as pessoas "acessem o site, ajudem a divulgar e apoiem com o que puderem".

Filipe Martins está preso preventivamente desde fevereiro de 2024. Ele permaneceu seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, medida tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao nome de Martins constar na lista de passageiros da comitiva de Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, apesar de seu nome constar na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País naquele período.

A campanha de arrecadação foi lançada após recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado havia determinado o afastamento da defesa de Martins por perda de prazo processual, mas voltou atrás dias depois. O episódio gerou reações de perfis da extrema-direita nas redes sociais, que acusaram o STF de "cerceamento de defesa".

Apesar das manifestações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu documentos e depoimentos que, segundo a denúncia, implicam diretamente Martins na tentativa de golpe de Estado.

Entre as principais provas citadas está a reunião de 7 de dezembro de 2022, em que o então presidente Jair Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto com medidas de exceção, considerada pela Polícia Federal como base jurídica para a execução do golpe.

Martins é réu no STF e será julgado em dezembro, nos dias 9, 10, 16 e 17, junto a outros integrantes do chamado "núcleo 2" da trama golpista — grupo formado por ex-assessores e aliados diretos de Bolsonaro, apontados como responsáveis por ações de articulação e apoio logístico ao plano.