POLÍTICA

Haddad critica relator do PL Antifacção e questiona experiência em investigação

Ministro da Fazenda afirma que deputado Guilherme Derrite não tem expertise em inteligência contra o crime organizado e critica pressa na tramitação do projeto

Publicado em 12/11/2025 às 19:00
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), relator do Projeto de Lei Antifacção, afirmando que o parlamentar "não é uma pessoa versada em investigação e inteligência contra o crime organizado". Derrite está licenciado do cargo de secretário de Segurança Pública do governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Haddad declarou não conhecer o texto que será votado e considerou que há um "açodamento" na tentativa de aprovar o projeto sem discussão prévia com o governo federal. "A Polícia Federal não é do governador A, B ou C, a Polícia Federal é do País. A Receita Federal tampouco é de governo. São órgãos de Estado. E enfraquecer esses órgãos de Estado não faz o menor sentido", criticou.

O ministro também destacou a integração do governo federal no combate ao crime organizado, ressaltando o uso de inteligência para asfixiar financeiramente as facções. "O governo federal atua no andar de cima do crime, com inteligência. A Polícia Federal desenvolveu um sistema de inteligência. A todo momento nós estamos dando operação da Polícia Federal. É o nosso órgão. Dá orgulho", afirmou.

Haddad questionou ainda o impacto da pressa na tramitação do projeto. "Vai colocar isso a perder em função do açodamento de um relator que, com todo respeito, não é, teoricamente, uma pessoa que entenda de inteligência, de investigação, não é uma pessoa versada em investigação e inteligência contra o crime organizado. Para que esse açodamento? Nada contra, o deputado não precisa ser especialista em tudo. Mas, quanto menos se sabe, mais se busca apoio de quem sabe", pontuou.

O ministro aproveitou para defender o projeto que combate o devedor contumaz, em tramitação há oito anos, e apontou que ele também é fundamental no enfrentamento ao crime organizado. "Isso combate o crime organizado. E por que não vota? O que está por trás desse procedimento em relação a um projeto tão importante que recebeu a chancela de todos os senadores da República, depois da operação Carbono Oculto?", questionou. O texto mencionado por Haddad está parado na Câmara.

Haddad sugeriu que o relatório de Derrite seja submetido a consulta pública por algumas semanas para discussão. "Todos os governadores são filhos de Deus. Não são? Tem que ouvir todo mundo", disse, sem citar a presença de governadores de direita na Câmara nesta quarta-feira em defesa do projeto. "Sequer os interessados estão sendo ouvidos, tudo sendo feito de forma atabalhoada, por trás disso aí tem algum interesse, que não resiste à luz do dia".

Mais cedo, o ministro recebeu em seu gabinete o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Segundo Haddad, o encontro não tratou do projeto em análise, mas sim da integração "cada vez mais potente" entre a PF e a Receita Federal.

"Nós estamos refinando esses procedimentos, a troca de informações entre os dois órgãos, estamos discutindo novos passos de integração. E nós precisamos do apoio do Congresso para isso. Não podemos ter leis que mudam essa integração, inclusive com os Ministérios Públicos Estaduais, e com as Polícias Estaduais, tanto Civil quanto Militar, quando é o caso", explicou.

Haddad falou com jornalistas após uma reunião no Palácio do Planalto sobre Orçamento, mas não forneceu mais detalhes sobre a agenda.