POLÍTICA

Gonet enfrenta maior rejeição do Senado para PGR desde a redemocratização

Recondução de Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República registra 26 votos contrários, superando índices de rejeição desde 1989

Publicado em 13/11/2025 às 08:25
Gonet enfrenta maior rejeição do Senado para PGR desde a redemocratização Reprodução

O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira, 12, por 45 votos a favor e 26 contra, a recondução de Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República. O resultado representa a maior rejeição a um indicado para a PGR desde 1989, início da série histórica após a redemocratização. Na votação anterior, em 2023, Gonet havia recebido 65 votos favoráveis e apenas 11 contrários.

Até então, o procurador-geral mais rejeitado pelo Senado havia sido Geraldo Brindeiro, indicado durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Em sua recondução, em 2001, Brindeiro recebeu 18 votos contrários e 55 favoráveis. Ele também enfrentou resistência em 1999, quando foi reconduzido com 61 votos a favor e 11 contrários.

Outro caso expressivo ocorreu em 2015, durante a recondução de Rodrigo Janot, indicada pela então presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, Janot recebeu 59 votos favoráveis e 12 contrários.

A queda no apoio a Gonet ocorre em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado. Senadores de oposição acusam a Procuradoria-Geral da República de ter atuado "em conluio" com o Supremo Tribunal Federal (STF) nesse processo.

Durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Gonet destacou a atuação da PGR em investigações sobre ataques ao Estado democrático, fraudes contra o INSS, crime organizado e tráfico de pessoas. Parlamentares da oposição questionaram sua postura em relação à anistia a condenados pelos atos de 8 de Janeiro, aos pedidos de impeachment de ministros do STF e à duração do inquérito das fake news.

Na audiência, Gonet afirmou que "a decisão de se aprovar anistia cabe ao Congresso, mas que há polêmicas do ponto de vista jurídico", sem detalhar quais seriam essas controvérsias.