INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR

CPI do INSS aprova prisão e quebra de sigilo de deputado investigado pela PF

Deputado Edson Araújo, do Maranhão, é alvo de operação da Polícia Federal e enfrenta acusações de envolvimento em esquema de descontos indevidos em benefícios; comissão também autoriza prisões e escolta após ameaças

Publicado em 13/11/2025 às 11:53
Reprodução

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS aprovou nesta quinta-feira, 13, a convocação e a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA), investigado em operação da Polícia Federal deflagrada no mesmo dia. O colegiado também autorizou pedidos de prisão de mais duas pessoas envolvidas no caso.

Edson Araújo já presidiu uma entidade de pescadores responsável por descontos associativos e, segundo o vice-presidente da CPI, deputado Duarte Júnior (PSB-MA), teria sido beneficiado pelo suposto esquema. Durante a sessão, Duarte acusou Araújo de receber "quase R$ 5 milhões" por meio da Federação das Colônias de Pescadores do Maranhão e solicitou sua expulsão do partido.

Após as acusações, Araújo reagiu com ameaças por mensagens, chamando Duarte de "palhaço" e afirmando: "Nunca recebi nada de aposentado. Nós ainda vamos nos encontrar". Diante da insistência de Duarte por respeito, Araújo intensificou as ameaças: "Você vai ter que provar tudo que falou ou vai se arrepender". Em resposta, a CPI autorizou escolta para o deputado Duarte e seus familiares.

Além disso, a comissão aprovou os pedidos de prisão do empresário Igor Delecrode, apontado como "o coração tecnológico da safadeza" por operacionalizar sistemas de coleta e verificação de dados, e de Américo Monte, ex-presidente da ABCB/Amar Brasil, entidades envolvidas no esquema.

No total, foram 79 requerimentos aprovados durante a sessão. Entre eles, destaca-se o pedido ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para que atue como amicus curiae no Supremo Tribunal Federal (STF) em ação que busca a suspensão de processos contra a União por descontos indevidos em benefícios do INSS.

A deputada Coronel Fernanda (PL-MT), autora do requerimento, alertou para o risco de prejuízos aos beneficiários, já que o acordo firmado estabeleceu o dia 14 de novembro de 2025 como data-limite para requerimentos administrativos de ressarcimento. "Tal limitação pode causar prejuízos significativos a milhares de beneficiários do INSS, muitos dos quais sequer foram adequadamente informados sobre as novas regras", justificou.

Apesar disso, o líder do governo na CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), já havia anunciado na segunda-feira, 10, a prorrogação do prazo para contestação de descontos indevidos até 14 de fevereiro de 2026.