CPMI do INSS ouve mais dois investigados por fraude nesta terça-feira
Depoimentos de ex-dirigentes de associações e empresário são esperados em sessão que apura irregularidades em descontos de aposentados e pensionistas
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realiza, nesta terça-feira (18), mais uma etapa das investigações sobre fraudes envolvendo descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas.
Entre os depoentes está Cecília Rodrigues Mota, ex-presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen), que também comandou a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB). Ambas as entidades são investigadas na Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), por supostamente terem recebido valores indevidos de beneficiários do INSS.
O senador Izalci Lucas (PL-DF), autor de um dos dez requerimentos de convocação, destacou que a Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou o bloqueio de R$ 2,56 bilhões das associações, acusadas de "infrações gravíssimas à Lei Anticorrupção". Para o parlamentar, ouvir Cecília Rodrigues Mota é "essencial para dissecar o modus operandi e a cadeia de comando de entidades que, sob sua gestão, teriam atuado como engrenagens centrais na bilionária espoliação de beneficiários vulneráveis".
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), também apresentou requerimento em que aponta suspeitas de atuação de "associações de fachada" na intermediação irregular de benefícios junto ao INSS.
Amar Brasil e transferências suspeitas
Outro depoimento aguardado é o de João Carlos Camargo Júnior, sócio-administrador da Mkt Connection Group. Segundo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), valores elevados teriam sido transferidos da entidade Amar Brasil — investigada por descontos não autorizados em benefícios do INSS — para a empresa de Camargo. O parlamentar ressalta que a Mkt Connection foi criada em dezembro de 2022, um mês após a assinatura do acordo de cooperação técnica entre Amar Brasil e o INSS.
Já o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) aponta, em seu requerimento, indícios de lavagem de dinheiro, ocultação de bens e uso de pessoas jurídicas para dissimular a origem de recursos ilícitos.
A reunião está marcada para as 10 horas, no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado Federal, e será interativa.