CRISE DIPLOMÁTICA

Declaração de Merz sobre COP30 revela polarização política e expõe falhas na organização

Chanceler alemão provoca crise diplomática ao criticar Belém, enquanto reações no Brasil evidenciam divisões ideológicas e problemas logísticos do evento

Publicado em 18/11/2025 às 12:03
Reprodução / internet

A declaração do chanceler alemão Friedrich Merz, ao afirmar que sua comitiva ficou "contente" ao deixar Belém após a COP-30, desencadeou uma crise diplomática e evidenciou a profunda polarização na política brasileira. O líder conservador europeu declarou que jornalistas alemães estavam satisfeitos por retornar à Alemanha, "especialmente daquele lugar onde estávamos", o que gerou forte indignação nacional.

A repercussão no Brasil foi marcada por divisões ideológicas. Integrantes do governo classificaram a fala de Merz como "grosseria" e ato de "xenofobia", mas a resposta oficial foi contida. O governo Lula orientou seus membros a manterem silêncio público para evitar prejudicar as negociações climáticas em andamento e não expor ainda mais as falhas logísticas do evento. Nas redes sociais, o nome de Merz dominou os debates, com críticas ao chanceler e manifestações de apoio à sua posição.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), rompeu o silêncio oficial para rebater Merz. Em crítica direta, Barbalho classificou a declaração como "preconceituosa" e afirmou que ela "revela mais sobre quem fala do que sobre quem é falado". Ele ainda ironizou: "É curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia", e questionou em uma publicação: "Quem aqui tem orgulho do Pará e do Brasil? Que levante a mão."

Parlamentares aliados ao governo, como o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) e o deputado Rogério Correa (PT-MG), também criticaram Merz, sugerindo que o Brasil preferiria o aporte financeiro ao Fundo Florestas Tropicais do que a presença do chanceler.

A polêmica envolvendo Merz reforçou críticas já feitas formalmente ao Brasil pela Organização das Nações Unidas (ONU). O Secretário-Executivo da UNFCC, Simon Stiell, enviou carta às autoridades brasileiras cobrando medidas urgentes de segurança após a invasão de manifestantes na Blue Zone, área de negociações. A ONU também registrou reclamações sobre infraestrutura, como problemas de refrigeração e falta de água nos banheiros.

Em resposta, a Casa Civil detalhou o reforço na segurança, com ampliação de perímetros e atuação conjunta da Força Nacional e Polícia Federal. O governo federal e estadual anunciaram a instalação de novos aparelhos de ar-condicionado e a correção de falhas estruturais, como vazamentos e goteiras, numa tentativa de conter o desgaste institucional provocado pelos problemas do evento internacional.

No campo político, a fala de Merz provocou uma inversão de posições: parlamentares e lideranças da extrema-direita brasileira se solidarizaram ao chanceler alemão e utilizaram suas declarações para atacar o presidente Lula e a organização do evento. Para esse grupo, a crítica ao adversário interno se sobrepôs à defesa da imagem nacional, agravando a repercussão diplomática negativa.