Setembro Amarelo: médico do Hospital Escola Portugal Ramalho explica sobre fatores e grupo de risco de suicídio
O suicídio é um problema de saúde pública no Brasil, responsável por mais de 15 mil casos registrados no país por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Segundo o médico residente em Psiquiatria do Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), unidade assistencial da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, (Uncisal), Pedro Bradley, a campanha do Setembro Amarelo tem grande importância por chamar a atenção para a prevenção deste mal que, para ele, nunca é resultado de um único fator, mas sim de uma complexa interação de elementos biológicos, psicológicos, sociais e culturais.
“A ciência nos mostra, através de estudos de grande escala, que alguns fatores aumentam a vulnerabilidade de uma pessoa”, apontou o médico, acrescentando que fatores clínicos, acompanhados de transtornos mentais são os mais impactantes, vindos em seguida do histórico familiar e genético.
O médico ressalta que é crucial entender que um ou mais desses fatores não determinam que uma pessoa cometa suicídio. Eles apenas indicam uma vulnerabilidade aumentada que merece atenção e cuidado.
Segundo Bradley, muitos suicídios podem vir precedidos de sinais de alerta e afirma que reconhecê-los é o primeiro passo para a previdência.
"A fala, por exemplo, quando expressa diretamente o desejo de morrer – 'eu queria sumir', 'queria não ter nascido', 'vou me matar' –, ou dizer sentir-se sem esperança, sem propósito, ou como se estivesse em um beco sem saída; mencionar ser um 'peso' para os outros ou sentir grande culpa e vergonha. Nos sentimentos, quando uma pessoa pode parecer extremamente triste, ansiosa, irritada ou agitada; demonstrando mudanças bruscas de humor, relacionando dor emocional ou física que se tornou insuportável e ainda no comportamento, quando o indivíduo passa a se isolar, afastando-se de amigos, familiares e atividades que antes gostavam", descreveu Pedro, orientando a população para observar atentamente esses sinais em pessoas da convivência.
O médico aconselha que para ajudar é importante conversar abertamente, ouvir sem julgamento, não minimizar o sofrimento, incentivar a busca de apoio profissional, se oferecer até para marcar a consulta ou acompanhar.
“Leve-o uma emergência psiquiátrica ou ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida) no número 188. O serviço é gratuito, sigiloso e funciona 24 horas”, instruiu.
Suicídio em números
Segundo Bradley, os casos de suicídio aumentaram 43% no Brasil em uma década, passando de 9.454, em 2010, para 13.523, em 2019. Entre homens, globalmente, as taxas são mais altas. Isso requer uma combinação de fatores, como maior relutância em procurar ajuda para problemas de saúde mental.
Entre os adolescentes, o aumento foi de 81%, indo de 3,5 suicídios por 100 mil adolescentes para 6,4. Nos casos em menores de 14 anos, houve um aumento de 113% na taxa de 2010 a 2013. O suicídio é a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, seguido por homens idosos, principalmente após a aposentadoria, população LGBTQIA+, indígenas e entre pessoas com doenças crônicas ou incapacitantes